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É possível retirar o sobrenome do pai em razão de abandono?

Atualizado: há 5 minutos


abandono paterno


O nome que carregamos é parte fundamental da nossa identidade. Mas o que fazer quando um dos sobrenomes representa uma pessoa que nunca esteve presente em sua vida? Neste artigo, vou explicar se é possível retirar o sobrenome paterno em casos de abandono afetivo e como funciona esse processo na prática.


O que você vai encontrar neste artigo:


  • O impacto emocional de carregar um sobrenome que não lhe diz nada.

  • O que diz a legislação sobre alteração de sobrenome

  • Quando é possível retirar o sobrenome paterno

  • Como comprovar o abandono afetivo

  • Passo a passo para solicitar a alteração

  • Como buscar ajuda especializada


O Peso de carregar um sobrenome que não representa sua história


Imagine crescer sem a presença do pai, sem qualquer vínculo afetivo ou apoio, mas ter que se apresentar diariamente com o sobrenome dele. Para muitas pessoas, essa situação causa profundo desconforto emocional e psicológico, representando uma conexão forçada com alguém que escolheu não fazer parte de sua vida.


O abandono afetivo vai muito além da ausência física - é a negligência emocional, a falta de cuidado e a omissão do papel parental que deixam marcas profundas. Nesse contexto, o desejo de retirar o sobrenome paterno surge como uma forma de ressignificar a própria identidade e aliviar o sofrimento causado por essa lembrança constante.


O Que Diz a Lei Sobre Alteração de Sobrenome


Por regra, nosso ordenamento jurídico estabelece a imutabilidade do nome civil como princípio. A Lei de Registros Públicos (Lei nº 6.015/73) determina que, após o registro, o nome da pessoa deve permanecer inalterado. No entanto, existem exceções que permitem a modificação em situações específicas.


O artigo 56 da Lei de Registros Públicos prevê que, excepcionalmente e de forma motivada, é possível alterar o nome civil. Embora não haja menção expressa sobre a retirada do sobrenome paterno por abandono afetivo, a jurisprudência tem evoluído para reconhecer essa possibilidade em casos comprovados.


A Constituição Federal, em seu artigo 227, estabelece o dever da família de assegurar à criança e ao adolescente o direito à dignidade e à convivência familiar. Quando esse direito é violado pelo abandono, o judiciário tem considerado legítimo o pedido de alteração do nome como forma de reparação.


Quando é Possível Retirar o Sobrenome Paterno


A retirada do sobrenome paterno tem sido autorizada pelo Judiciário brasileiro quando:


  • Há comprovação do abandono afetivo - não apenas a ausencia física, mas a negligência emocional e falta de vínculo

  • O sobrenome causa constrangimento ou sofrimento ao filho

  • Não há reconhecimento social daquele sobrenome como parte da identidade da pessoa

  • A pessoa já utiliza informalmente outro sobrenome (geralmente o materno) em suas relações sociais


Caso Real: Decisão Favorável em São Paulo


Um caso emblemático ocorreu em São Paulo, onde uma pessoa que havia sido registrada apenas com o sobrenome paterno conseguiu judicialmente sua alteração. Após a separação dos pais, o genitor nunca mais a procurou nem prestou qualquer auxílio financeiro ou emocional.


No processo, a pessoa não buscava indenização pelo abandono afetivo, mas apenas:


  • Exclusão do sobrenome paterno

  • A inclusão do sobrenome materno, que já utilizava informalmente


O juiz julgou procedente o pedido, fundamentando que o nome civil deve representar a real individualização da pessoa perante a família e a sociedade, refletindo seus atributos morais, físicos e psíquicos.


Como Comprovar o Abandono Afetivo para o Processo


Para que o pedido de alteração do sobrenome seja aceito, é fundamental comprovar o abandono afetivo. Não bastam alegações genéricas - é necessário apresentar evidências concretas, como:


  • Documentos que demonstrem ausência de contato (mensagens não respondidas, cartas devolvidas)

  • Depoimentos de testemunhas que possam confirmar a falta de convívio

  • Comprovação da ausência de pagamento de pensão alimentícia

  • Laudos psicológicos que atestem o impacto emocional do abandono

  • Registros de tentativas frustradas de contato com o genitor


É importante ressaltar que cada caso é único e será analisado conforme suas particularidades. O juiz avaliará se o abandono afetivo está suficientemente comprovado e se justifica a alteração do nome civil.


Passo a Passo para Solicitar a Alteração do Sobrenome


Se você se identifica com essa situação e deseja retirar o sobrenome paterno, siga estes passos:


  • Consulte um advogado especializado em Direito de Família (este é um processo que exige conhecimento técnico específico)

  • Reúna toda a documentação que comprove o abandono afetivo

  • Identifique testemunhas que possam corroborar sua situação

  • Prepare-se para uma avaliação psicológica, caso seja solicitada pelo juiz

  • Ingresse com uma ação de retificação de registro civil - seu advogado elaborará a petição inicial com os fundamentos jurídicos adequados

  • Aguarde a decisão judicial - o processo pode levar alguns meses, dependendo da comarca


Limitações e Considerações Importantes


É fundamental entender que a retirada do sobrenome paterno:


  • Não é automática. Depende da análise judicial caso a caso.

  • Não apaga o vínculo biológico - a paternidade continua registrada na certidão

  • Não exime o pai de suas obrigações legais como pensão alimentícia

  • Pode ser mais complexa quando há irmãos com o mesmo sobrenome

  • Não deve ser motivada apenas por desavenças temporárias - o abandono deve ser efetivo e prolongado


Como Buscar Ajuda Especializada


Se você está passando por uma situação de abandono afetivo e deseja avaliar a possibilidade de retirar o sobrenome paterno, conte com o apoio jurídico especializado do escritório Maísa Lemos Advocacia.


Como advogada com 22 anos de experiência em Direito de Família, compreendo a complexidade emocional envolvida nessas situações. Minha abordagem é pautada pela escuta ativa e pelo olhar sensível às questões de gênero e às assimetrias de poder que frequentemente permeiam os conflitos familiares.


Atendemos em todo o Brasil, pois o processo judicial é inteiramente eletrônico. [Clique aqui e fale com nossa equipe]


Conclusão: Ressignificando sua Identidade


A possibilidade de retirar o sobrenome paterno em casos de abandono afetivo representa mais que uma simples alteração documental - é um processo de ressignificação da própria identidade.


É a oportunidade de alinhar seu nome à sua história real, fortalecendo os vínculos que verdadeiramente contribuíram para sua formação como pessoa.


O nome civil deve representar quem somos e nossa história. Quando um sobrenome está associado a experiências de abandono e sofrimento, a lei oferece caminhos para que possamos reescrever nossa identidade de forma mais autêntica e saudável.


Você não precisa carregar para sempre o sobrenome de quem escolheu não fazer parte da sua vida. A justiça tem reconhecido cada vez mais esse direito, permitindo que pessoas ressignifiquem sua identidade após experiências de abandono.


E você, conhece alguém que precisa saber as informações deste artigo? Então compartilhe.


Tenho certeza que ele vai ajudar muita gente.


Até a próxima.


maisa lemos advogada
Maisa Lemos

Meu nome é Maisa Lemos, atuo como advogada de família e sucessões em Goiânia desde 2002 e tenho clientes em todo o Brasil.


Meu foco é na prevenção de litígios e o bem estar dos envolvidos, sobretudo quando há filhos menores de idade.


Sou também mãe do Davi, da Helena e da Clara.Me siga no instagram: @maisalemoss.


Lá eu posto conteúdo quase diariamente sobre direito de família e sucessões.
















LEMBRE-SE: este post tem a finalidade apenas de informar. Em nenhuma hipótese substitui a consulta com um profissional do Direito. Converse com seu advogado e verifique as orientações necessárias para o seu caso específico.

Registrados na OAB/GO sob o número 2.847.

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